sexta-feira, 17 de abril de 2020

Lentilha virou Clarice

Você já não é mais uma lentilha, Clarice. Não tenho trocadilho com grãos para te descrever, mas você, assim como Luísa o fez, transformou a vida do papai. Um dia quero ter talento para escrever uma crônica tão boa como "O dono do mundo", de Fernando Sabino (que um dia vou contar para você), com você como personagem. Sua avó um dia escreveu uma música para sua madrinha e basta ela ouvir essa canção que desanda a chorar como criança.
Esse texto e o anterior podem causar o mesmo efeito no futuro, quem sabe. Estou deixando registrado aqui para que, num futuro próximo, você possa sentir isso. Sua mãe ainda reclama que eu não converso com você, mas, por favor, entenda. Papai não se sente à vontade ao atrapalhar seu sossego aí no quentinho da barriga da mamãe. Quando você sair daí, vamos brincar com o Lego da sua irmã. Ela vai ter de entender porque você tá colocando o Emet na boca... Não! Não faça isso! Você pode se engasgar!
Meu terceiro livro da saga O Mistério da Mata da Alpineia será dedicado a você (não fique com ciúmes, Lulu, você e sua mãe já têm o segundo). Nele há uma sereia com a qual você vai se identificar muito, imagino. Forte, poderosa, apaixonada e vai mudar o destino do Ronaldo. Antes, o papai tem de resolver uns assuntos aí, mas em três anos no máximo você vai conhecer a sua história, aquela que vai determinar sua existência até o último segundo do seu sopro.
O mundo aqui fora está meio confuso. Há um vírus muito perigoso pra você e pra sua mãe, mas estamos todos #emcasa para que você possa sair daí. Fica você em casa também. E quando vier para esse mundão nosso aqui fora nunca deixe de respirar. Não antes de mim.