domingo, 8 de outubro de 2017

O lugar errado na data errada

Descobri que virei um chato. Já não sou mais tolerante a certos estilos musicais, já não tenho paciência para os embalos da juventude e não consigo mais aturar festas. Pode ser só coisa da idade, mas um acontecimento nesse fim de semana me fez pensar essas coisas.
Estávamos em Formiga de visita na casa da Kelly quando decidimos colocar a Luísa pra dormir. Ela adormeceu às 22h e nós decidimos deitar na sequência, pois no dia seguinte era seu batizado e tínhamos que levantar cedo.
Às 23h começaram a chegar algumas pessoas no vizinho para uma balada. À meia-noite em ponto eles ligaram um som alto tocando funk proibidão. Às 0h50, liguei para a Polícia Militar informando o caso. O policial militar que atendeu disse que só enviaria uma viatura se fosse registrado um Boletim de ocorrência de modo que passei meus dados para que eles viessem resolver o problema.
Minutos depois chegaram os guardas. O policial, conciliador,  conversou com as duas partes enquanto a vizinhança, que também já tinha ligado para a Polícia sem coragem de registrar um boletim de ocorrência, saía às ruas para ver o bafafá.
O dono da casa onde a festa acontecia  alegou que era aniversário da filha e que não tinha intenção de incomodar os vizinhos que se tivéssemos pedido antes ele teria abaixado o som ele mesmo. Novamente conciliador, o policial explicou que se fizéssemos o boletim de ocorrência, eu teria de comparecer a pelo menos três audiências e o dono da casa pagaria uma multa de de R$1080,00 porque a promotora da cidade não perdoaria essa situação.
Coloquei-me na situação do senhor. Era aniversário da filha, mas o batizado da minha filha no dia seguinte. Luísa dormia plena enquanto a festa acontecia. Fiquei imaginando se eu seria mais tolerante se o estilo musical fosse outro. A festa poderia ter começado mais cedo e acabado antes de um horário plausível. Fiquei pensando se na minha juventude eu promovia ou participava de festas em áreas residenciais até altas horas da madrugada.
O policial havia feito seu trabalho e me convenceram a ser tolerante. Os jovens continuaram a festa com o som baixo e a viatura foi embora.
Não consegui dormir depois disso. Senti que as leis do nosso país são um lixo. Senti que a educação que os pais dão aos seus filhos é completamente inválida. Tive medo de falhar como pai um dia. Mas talvez eu esteja só virando um chato mesmo. E tudo que eu escrevi aqui não passou de um gasto de tempo (para mim e para você, leitor).

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Gergelim virou Luísa

Você já não é mais um gergelim, Luísa. Sem trocadilho com grãos, mas você agora já é quase um saco de arroz. E você transformou a vida do papai. Sim. Agora as minhas histórias fazem muito mais sentido quando eu começo a escrevê-las. Quero aprender a contá-las de um jeito que você possa admirar e ver que o seu pai é a pessoa mais incrível do mundo.
Modéstia à parte, eu sei muito bem que não sou a pessoa mais incrível do mundo, mas se eu conseguir ser incrível para você, Luísa, isso já me bastará. O Mistério da Mata da Alpineia já tem uma continuação escrita onde eu e sua mãe criamos juntos uma personagem inspirada em você, muito antes de você ser nosso Gergelim.
E embora saibamos que nosso Gergelim vai crescer, esperamos que você Luísa, nunca se esqueça do quanto te amamos e lhe queremos bem. Estamos aqui pra te ajudar a vencer os medos do mundo. Não precisa temer o que virá. Vamos enfrentar tudo com você até nosso último suspiro.
Luísa, as transformações que você tem nos causado são muito boas. A cada dia somos ainda mais diferentes agora que temos você. E pensar que um dia também fomos gergelins nas barrigas de nossas mamães...