quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Amparo

Nada é melhor do que passar o fim-de-semana entre amigos. Isso ajuda a distrair a mente e recarregar as energias para voltar à vida. A irresoluta luta pelos ideais torna faz da mente um turbilhão de ideias que faz acender um sinal vermelho. É preciso falar mais claramente para que se possa compreender.
Todos os meus últimos escritos foram tentativas frustradas de extrair da mente pensamentos que podem ser o estopim de algo maior e doloroso. Talvez eu tivesse obtido maior sucesso se tivesse criado um personagem como Nena, pois isso daria um tom lírico (e não introspectivo e sem sentido) à história, mas a criação de um personagem é algo no qual eu sempre tive dificuldade nesse jogo de interpretar papéis.
É bom saber que tem gente prezando por você, mesmo que elas não se apresentem ou que não se apresentem aquelas que você deseja, que, devido, à distância, acompanham seu mundo pelos meios de comunicação facilitadores do processo de interação. Isso explode a saudade e a vontade de me dirigir ao seu encontro.
Belo Horizonte parece cada vez mais distante quando eu ouço a mensagem: “Este celular encontra-se desligado ou fora da área de cobertura”. Isso faz sumir o sorriso, provocando o medo de que o passado assombre o presente, onde qualquer fato pode desencadear uma série de eventos infelizes. Não se preocupem leitores, já fiz as pazes com minha cama e meu travesseiro tornou-se o meu maior companheiro.
Manter diálogo com a família também ajuda bastante e é o que todos deveriam fazer, pois lá é onde você encontra refúgio em situações assim. Peço a todos que continuem torcendo por mim e que ajudem, como sempre fizeram, a trazer de volta o sorriso que se oculta na falta de êxito nessas fases.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sem credibilidade

Hoje descobri a vantagem de se fazer um cartão de crédito universitário. Como meu celular estragou fui ao Ponto Frio tentar adquirir um novo aparelho. As atendentes, que não têm nada de “frio”, tentaram me jogar um cartão Master Card da loja, mas o meu crédito não foi aprovado. Tentaram na sequência fazer um crediário para mim e depois de longos minutos preenchendo um monte de dados, dentre os quais só faltou a cor da minha roupa de baixo predileta, meu crédito novamente foi recusado.
Anos atrás eu preenchi um cadastro na faculdade para adquirir (sem ônus, segundo o que eles diziam) um cartão de crédito. Junto vieram três boletas no valor de R$9,90 cada, taxa que eu deveria pagar para usar o cartão durante um ano. Se eu tivesse pago essa maldita taxa, hoje eu poderia estar com meu celular novo em mãos.
Como eu não forjei nenhum dado (assim como alguns colegas que todos conhecem, mas eu não revelarei), periodicamente chegam ofertas do banco Itaú para que eu adquira um novo cartão nas mesmas condições. A destinação de todas elas não é a caixa de correio e sim o lixo da minha casa. Hoje, me arrependi de ter me desfeito de todas, porque preciso urgentemente de um novo aparelho e nesse caso apenas ter dinheiro para dar uma entrada não é suficiente.
Acredito que meu crédito foi recusado por eu receber somente um salário mínimo na plena juventude dos meus 22 anos. Fico com pena é dos trabalhadores que não têm estudo e que ganham apenas um mísero salário mínimo. Nem comprar a prazo eles podem. O negócio é torcer para que o meu advogado tome vergonha na cara e resolva o meu recurso contra a UFMG. Duvido que meu crédito será recusado novamente quando eu me tornar um funcionário público.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Kamigawa hurts

Quando penso no fim que tomaram minhas cartas do famoso card game Magic: The Gathering tenho todos os motivos para sim entrar em depressão. É um jogo muito bem elaborado que a cada ano vai ficando mais complexo e difícil de acompanhar, mas que marcou uma boa época da minha vida. O interessante nem eh o jogo entre si, mas as histórias criadas pelas cartas, que formam um mundo alternativo digno de um best-seller em vários volumes. Quando vejo as pessoas jogando sem conhecer a história dos personagens e sem mesclar os efeitos das cartas que produzem os combos invencíveis, sinto muito pesar. Mas gostaria de retratar uma das histórias mais bem elaboradas neste jogo (com a qual tenho me identificado um pouco ultimamente).
Quando Takeshi Konda decidiu obter aquilo que não lhe pertencia, ele acabou desencadeando uma guerra entre dois mundos. Porém, se aquilo que foi tomado não era da posse de Konda, de quem seria? Certamente, não da posse de O-Kagachi, o kami supremo que guarda o limite dos dois mundos. Aquilo que foi tomado tinha vida própria, capaz de tornar indestrutível tudo o que ela quisesse.
Konda queria ter para si a maravilha daquele poder encantador, sem ter reparado seus defeitos nem as consequências que aquilo poderia lhe trazer. Aquilo que foi tomado ofereceu a ele toda sua pureza para que criasse seu mundo perfeito. Mas Konda não esperava que O-Kagashi viria atrás daquilo que lhe pertencia de alguma forma. Ela, que queria pertencer a O-Kagashi, parou de ajudar Konda na construção de seu império, mas percebeu que o kami supremo já não era mais o mesmo, estava tomado pela fome e pelo desejo. Seria O-Kagashi o verdadeiro traidor de Kamigawa? Ou seria Konda, que imaginou um mundo indestrutível, perfeito demais para que os deuses o permitissem?
Aquela que foi tomada encontrou refúgio em Toshi Umezawa, que a levou até Michiko Konda, a quem pode se unir para acabar com a guerra entre os dois mundos. O-Kagashi não se importou de ter perdido seu maior tesouro e voltou para o mundo dos kamis depois de causar o maior estrago na terra de Konda, que, por sua vez, foi derrotado e banido do mundo que ele próprio havia criado. Aquela que foi tomada recompensou Toshi por resgatá-la e uniu-se a Michiko para proteger Kamigawa das ameaças que viriam mais tarde. Estará ela preparada para o que o futuro lhe reserva?
Quando se fala em card games, nem sempre os melhores decks são aqueles que contém cartas raras. Uma boa mistura de propriedades comuns com características marcantes de fator incomum pode construir o bom baralho do jogador. O desafio é encontrar o incomum onde há tanta coisa comum, pois as raridades não passam de uma lenda (e só podem ser usadas uma vez...).

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Coração sem cera

É preciso espremer o limão até conseguir tirar dele o seu supra-sumo, aquela parte que até arde ao entrar em contato com o paladar. Espremer até tirar-lhe o gosto mais azedo que acalma a alma. Gastou seu amor em palavras, mas não soube dizê-las. Restaram os pensamentos que não se vão.
Dói, machuca e, no entanto, não sangra. Feridas causadas há muito tempo se abrem tardiamente num efeito mágico. Cortes profundos deixam cicatrizes, porém sem derramar uma gota de sangue ou de lágrima. Os olhos ardem, mas não choram; não conseguem. Merece ela tais lágrimas? Não teria sido ela culpada? O pensamento ocidental a trai. Faltou a sinceridade, dona coração de cera.
Seu peito agora arde em conflitos, como se houvesse uma reviravolta nos órgãos. Entretanto, tudo está no seu devido lugar. De onde não deveria ter saído. O coração permanece, intacto, transparente, deixando-se ver o que há em seu interior, sem deixar transparecer a cera que agora derrete. O dela continua obscuro como a escuridão, envolto em sombras, escondido da luz que é capaz de remover as trevas.
Não há como lutar. Seu exército foi dizimado, ele não conseguiu vencer. O que lhe resta é lutar até que chegue o guerreiro capaz de batalhar por ele. Capaz de conquistar a vitória tão desejada, jamais conquistada. Capaz de tirar as trevas do coração que ele não conseguiu atingir. Capaz de tornar seu coração de cera numa bela escultura romana.