domingo, 28 de dezembro de 2008

Poeminha japonês

Limpeza de banheiro (Benjo Soji)
Autor: Kunio Hamagushi

Eu abro a porta.
O cheiro alcança o âmago do meu cérebro.
Não consigo encarar diretamente.
É um "sujar" lamentável
De entorpecer os nervos.
O ar puro do amanhecer
Também fica contaminado.
Perco instantaneamente a vontade de limpar.
Tem uma merda de cocô no chão de dar raiva.

Por que não fazem com mais calma?
Será que o buraco estava torto?
Ou será que estavam com muita pressa?
Morrer de raiva
Não torna o banheiro mais bonito.
O meu serviço
É tornar as coisas mais bonitas.
Pode ser que a criação de um mundo mais bonito
Comece em lugares assim.

Eu mordo os meus lábios.
Encosto o pé na moldura da porta.
Jogo água lentamente.
Encosto timidamente a vassoura na merda do cocô.
Ploft! Ploft! Ela cai no reservatório.
Um ar insuportável se espalha...
Como se uma bomba de gás tivesse explodido no meu nariz.
O mau cheiro impregna na ponta da linha e no coração.
Fico perturbado quando o cocô espirra na queda.

O cocô seco não sai facilmente.
Passo areia na escova.
Eu meto a mão para esfregar.
A água suja respinga no meu rosto.
Ela respinga em meu lábio também.
Não posso dar atenção a isso.
Eu devo friccionar até ficar bonito.
Uso a mesma mão para limpar as mensagens eróticas e o cocô recoberto.
Eu apago um grande órgão sexual.

O vento acariciador da manhã
Ergue meu rosto do vaso.
Até a alma já está se acostumando com o cocô.
Eu jogo água.
Jogo muita água
Como se estivesse tirando o cheiro impregnado na alma.
Esfrego um pano.
Esfrego atenciosamente até atrás da latrina.
Esfrego com força como se fosse limpar a sujeira do mundo.

Jogo água mais uma vez.
Faço o acabamento com o pano de chão.
Espalho o desinfetante.
Um instante de frescor se desprende do líquido branco leitoso.
Eu sento e olho com uma sensação calma e feliz.
A luz da manhã reflete no vaso sanitário.
O líquido desinfetante
Ilumina o interior do vaso
Com um arco-íris.

Eu me lembro de minha mãe comentando
Que a mulher que faz um banheiro bonito
Também faz crianças bonitas.
Eu sou um homem.
Talvez eu encontre uma esposa bonita.

Poema traduzido por Arnaldo Masato Oka, tradutor da Editora JBC.

2 comentários:

lalinho disse...

bonitinho!
tomara qeu eu ache uma mulher que mantenha o banheiro limpo.

Ana disse...

achei um pouco nojento!
mande para tt!

xD