terça-feira, 27 de setembro de 2011

A música em mim


Prestes a descobrir a primavera do ano de 2011, descobri em minha própria casa os clássicos de minha mãe. Dentre tantas partituras musicais, pululavam nomes de compositores famosos como Bach, Beethoven, Mozart e outros não tão famosos assim como Burmüller, Ferdinand Beyer, Carl Czerny, Cesi...Havia vários métodos diferentes para o estudo do piano, cada qual com sua própria didática, seu próprio jeito de ensinar, metodologias de ensino de seus criadores. Contudo, dentre eles, uma lembrança muito melhor para mim naquele momento permanecia intacta: uma foto antiga de minha irmã mais velha, única a se dedicar ao estudo do piano que havia em minha casa.A partir daí, fiz uma reflexão comigo mesmo. Nossa memória vive de lembranças sim e é na desorganização de nossas vidas que elas reaparecem, em meio a coisas cujas quais você nem espera encontrar algo mais. Senti-me chamado ao ensino da música ao ver um monte de partituras para crianças e então me lembrei de que não tenho conhecimento de teoria musical, ou seja, não sei ler partituras.Lembrei-me do velho piano de minha mãe, carcomido pelos carunchos. Aquele piano, no qual minha irmã mais velha tocava “Pour Elise” de Beethoven para mim, não existe mais em minha residência. Foi levado por um “médico dos pianos”, como diria um grande amigo poeta de outros tempos, para que fosse restaurado e passasse a ilustrar o ensino de música de outra pessoa.Coisa estranha é a vida. Tempos depois, fui trabalhar em uma Escola de Música, convivendo com pianistas, professores e mestres na arte da música. Hoje, sou acometido pelo som de pianistas jovens, que treinam suas canções, literalmente, debaixo dos meus ouvidos, na sala onde trabalho.Filho de músico e de poeta, não poderia eu ter ido parar num lugar mais pertinente do que este. Dentre as lembranças que encontrei, estava ainda um teclado de criança, com apenas quatro escalas musicais, sendo uma constante entre os teclados a ocorrência de cinco escalas. Tal instrumento fora adquirido para tocar um “rock’n’roll” com os amigos numa cidade pequena, aonde nasci, sem olhar a ocorrência de escalas ou demais sabores técnicos dos instrumentos.Ali naquela “caixinha de músicas” havia um método que muito me chamou a atenção denominado “O Mágico dos Sons”, de autoria de Mário Mascarenhas. Não sei se por força do nome, mas me lembrei de um professor da Escola de Música da UFMG que há pouco nos deixou, Mário Mascarenhas Júnior, um fagotista de prestígio entre os colegas. Há tempos ele lutava contra o câncer, mas a doença o levou, para tristeza de nossas retinas fatigadas.Encontrei outro método do mesmo autor, instigado a aprender música mais uma vez. Chamava-se “O Piano do Bebê: Princípios de Musicalização e Piano”. Descobri, então, que no ramo da música, sou ainda um bebê que não tem nem noção de teoria musical. Preciso caminhar muito ainda, caso queira me equiparar aos grandes mestres da Escola de Música da UFMG.

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