quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A rival da minha mãe morreu

Tenho pensado muito em morte ultimamente. Não sei se isso reflete o medo que tenho de morrer ou se reflete o medo que tenho de pessoas queridas morrerem. Mas, porém, todavia, contudo, entretanto... pessoas morrem... por vários motivos.
Da mesma forma que pessoas nascem. Todos os dias. Fico triste por minha "eterna" chefe estar com o marido no hospital, sofrendo de cirrose sem nunca ter sido um cachaceiro nato. Fico imaginando que meus problemas mentais são nada perto disso e me sinto um lixo. Tem pessoas que realmente têm problemas de saúde, cara, e eu fico aqui divagando... pensando em quem a Dona Morte pode levar desta vida... pensando no trecho de Shakeaspere, em Hamlet:

"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.
Dizer que rematamos com um sono a angústia
E as mil pelejas naturais-herança do homem:
Morrer para dormir... é uma consumação
Que bem merece e desejamos com fervor.
Dormir... Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:
Pois quando livres do tumulto da existência,
No repouso da morte o sonho que tenhamos
Devem fazer-nos hesitar: eis a suspeita
Que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.
Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,
O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,
Toda a lancinação do mal-prezado amor,
A insolência oficial, as dilações da lei,
Os doestos que dos nulos têm de suportar
O mérito paciente, quem o sofreria,
Quando alcançasse a mais perfeita quitação
Com a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,
Gemendo e suando sob a vida fatigante,
Se o receio de alguma coisa após a morte,
–Essa região desconhecida cujas raias
Jamais viajante algum atravessou de volta –
Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação."

(Tradução de SILVA RAMOS, Péricles Eugênio da. Hamlet. Editora Abril, 1976. Extraído de http://pt.wikipedia.org/wiki/Ser_ou_n%C3%A3o_ser)


Sim. A Marildinha morreu... Nunca imaginei que a morte de uma pessoa fosse causar um sorriso na minha cara. Mas causou... O choro contido de meu pai, presenciado por uma de minhas irmãs num mercadinho da cidade de Formiga, não foi suficiente para eu ter dó daquela com quem meu pai traiu mamãe durante uma vida inteira. Homônimas ainda por cima! Arremato o texto autoral com o comentário de minha mãe sobre o caso: "Eu e a Marilda votávamos na mesma seção e nunca sequer nos encontramos". Desejo sinceramente que ambas não se encontrem nunca mais...

4 comentários:

Thlls disse...

SO FUCKED

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Fica o aprendizado de como nos podemos ser lembrados... O que fazemos tem uma ação imediata quando puxados pelo fio da lembrança.Essa Sra de muitas paixoes e poucos amores é um exemplo classico dessa telenovela que se repete e irá continuar a repetir enquanto esse sistema persistir.Mais afinal, de que forma vc quer ser lembrado?