quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

I got myxomatosis

Você pode escrever, se você consegue. Mas se você não consegue, você precisa. Precisa pelo menos para parar de pensar. Não adianta escutar uma música, não adianta ler outro texto, é preciso produzir o seu próprio. Não há liberdade fora da folha em branco. É o caminho que você escolheu. Letras se misturam na presença da cor. Volta ao nada, não dá seguimento. Prefere expelir o sentimento ignominioso. Volta, encontrou o seu fim. Certas coisas não funcionam.
O tempo passa quando quer passar. Às vezes, é preciso executar um salto para se acalmar. Pular, o mais próximo do voo que o ser humano pode experimentar com o próprio corpo. A sensação de ser puxado para baixo e cair, cair profundamente. A dor de uma queda mal absorvida. Uma dor doída e ao mesmo tempo prazerosa. A dor da queda abate qualquer um.
Salta no tempo através do papel. Salta no tempo com o auxílio das letras. Salta no tempo e permanece ileso. Mas seus possíveis danos recaem sobre o outro. Não é possível saltar de volta. Já está feito. Agora o tempo passa porque quer passar. Os sons se misturam. A concentração escapa. Vai para outros domínios. Não fica onde quer ficar. Mas o morro continua sempre no mesmo lugar.
Deve ele ir ao morro? Não sabe responder. O pensamento não sai. A folha permanece intacta. Palavras se misturam sem harmonia. A pergunta paira no ar e invade o papel. Tem início a infecção. Tenta fugir do vírus, mas é tarde demais, ele já o consumia. Não há escapatória, nem para onde escapar. Bloqueio. Necessidade. Precisa de um antídoto, mas a única coisa que tem é a folha; em branco; já infectada.
Deve ele ir ao morro? Lá talvez encontre a cura, ou então a paz; eterna. Seu cérebro metralha pensamentos, mas ele continua sem resposta. O fim que encontrara era o recomeço. Nada lhe resta a não ser investir de novo em sua caminhada. Carregando a infecção e seu papel; em branco.

Um comentário:

Bruno Dancing disse...

por pior q seja tudo q eu escrevo eu gosto demais de escrever