quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Coração sem cera

É preciso espremer o limão até conseguir tirar dele o seu supra-sumo, aquela parte que até arde ao entrar em contato com o paladar. Espremer até tirar-lhe o gosto mais azedo que acalma a alma. Gastou seu amor em palavras, mas não soube dizê-las. Restaram os pensamentos que não se vão.
Dói, machuca e, no entanto, não sangra. Feridas causadas há muito tempo se abrem tardiamente num efeito mágico. Cortes profundos deixam cicatrizes, porém sem derramar uma gota de sangue ou de lágrima. Os olhos ardem, mas não choram; não conseguem. Merece ela tais lágrimas? Não teria sido ela culpada? O pensamento ocidental a trai. Faltou a sinceridade, dona coração de cera.
Seu peito agora arde em conflitos, como se houvesse uma reviravolta nos órgãos. Entretanto, tudo está no seu devido lugar. De onde não deveria ter saído. O coração permanece, intacto, transparente, deixando-se ver o que há em seu interior, sem deixar transparecer a cera que agora derrete. O dela continua obscuro como a escuridão, envolto em sombras, escondido da luz que é capaz de remover as trevas.
Não há como lutar. Seu exército foi dizimado, ele não conseguiu vencer. O que lhe resta é lutar até que chegue o guerreiro capaz de batalhar por ele. Capaz de conquistar a vitória tão desejada, jamais conquistada. Capaz de tirar as trevas do coração que ele não conseguiu atingir. Capaz de tornar seu coração de cera numa bela escultura romana.

Um comentário:

Bruno Dancing disse...

jah vim q vou chegar ai cheio dede babdos pra escutar
uahauhauhauhuahua
ateh amanha