domingo, 8 de agosto de 2010

Geração interpolada das artes marciais

II

À frente da porta de madeira escura, hesitou. Queria entrar, mas tinha medo. Chegou a se apegar à maçaneta, mas teve medo de girá-la por questões de segurança. Cansou-se de ver o amor e seguí-lo na velocidade da luz. Sim, o truque é ir com calma.
Do outro lado da rua não conseguia ler a expressão naquele rosto mesmo que ele estivesse em palavras. Por mais que seu coração ainda estivesse espalhado por aí, preferia continuar a juntar os pedaços daquele joia rara que havia descoberto. Nunca antes a rua lhe parecera tão grande. Precisava ele ter atravessado a rua para perceber que não conseguiria esquecer as palavras cravadas naquele rosto? Jamais esquecera quem ela foi naquele dia retorcido. Só queria que ela também se lembrasse.
Todos os dias ele anseia pela manhã sem sons à frente dela, para que ela possa ouvir as declarações dele. No entanto, o rapaz já não tinha mais palavras para expressar aquele sentimento. Restava-lhe expressá-lo em pequenas ações e aguardar até o dia em que ela percebesse isso. "Com certeza, um dia..." pensava.
Num sussurro ela disse que eles não poderiam continuar assim, mas havia alguma coisa sobre os dois, ele tinha certeza e não queria desperdiçar aquilo. Queria poder lhe dizer que não desistiria assim tão fácil, mas tinha medo da sua reação. Ela não chorava fácil e ele entendia o porquê. Mas naqueles dias ela chorou e ele estava lá. Se ele pudesse contar que gostava dela, o que a jovem faria? Seria muito egoísmo não aceitar a derrota.
E então, quando ele correu para o rosto em palavras, a porta do outro lado da rua se abriu...

Um comentário:

Thlls disse...

é sempre bom escrever qualquer coisa, principalmente sem o compromisso de ser algo que preste