quarta-feira, 12 de maio de 2010

Declaração de amor

Depois de duas semanas no serviço público, tenho de dizer que a burocracia já está me irritando. Já imaginou se pra namorar alguém fosse preciso redigir um requerimento?

Ariálisson de Freitas Fonseca, brasileiro, solteiro, secretário executivo da Escola de Música da UFMG, ainda sem matrícula de funcionário, inscrito no CPF sob um número de nove dígitos ligados por hífen a dois numerais, portador de um registro de identidade de número qualquer, residente e domiciliado na cidade de Belo Horizonte, numa rua irrelevante da Pampulha, em um conjunto de apartamentos onde há um gaiteiro talentoso e um gato que mia incessantemente na madrugada, vem respeitosamente requerer que lhe seja concedido o direito de amar a vossa senhoria com o mais puro dos sentimentos que carrega em seu coração já numerado, pois você é para ele uma pessoa muito importante, ao lado da qual pretende manter os laços constituídos entre ele e vossa senhoria por longos dias de sua vida.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Quer melhor “declaração de amor” do que esta?

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